Judas concorda em trair Jesus

1 Estava se aproximando a Festa dos Pães sem Fermento, chamada Páscoa, 2 e os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei procuravam um meio de matar Jesus, mas tinham medo do povo. 3 Então, Satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes, um dos Doze. 4 Judas dirigiu‑se aos chefes dos sacerdotes e aos oficiais da guarda do templo e tratou com eles como poderia lhes entregar Jesus. 5 A proposta muito os alegrou, e acordaram sobre lhe dar dinheiro. 6 Ele concordou e procurava uma oportunidade para lhes entregar Jesus quando a multidão não estivesse presente.

A ceia do Senhor

(Mt 26.17‑35; Mc 14.12‑31; Jo 13.18‑30,36‑38)

7 Finalmente, chegou o dia da Festa dos Pães sem Fermento, no qual devia ser sacrificado o cordeiro pascal. 8 Jesus enviou Pedro e João, dizendo: ― Vão e preparem a refeição da Páscoa para nós comermos.

9 ― Onde queres que a preparemos? — perguntaram.

10 Ele respondeu: ― Ao entrarem na cidade, um homem com um pote de água encontrará vocês. Sigam‑no até a casa em que ele entrar

11 e digam ao dono da casa: “O Mestre pergunta: ‘Onde é o salão de hóspedes no qual comerei a Páscoa com os meus discípulos?’ ”. 12 Ele mostrará a vocês uma ampla sala no andar superior, toda mobiliada. Façam ali os preparativos.

13 Eles saíram, encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito e prepararam a Páscoa. 14 Quando chegou a hora, Jesus e os seus apóstolos reclinaram‑se à mesa. 15 Ele lhes disse: ― Desejei ansiosamente comer esta Páscoa com vocês antes de sofrer.

16 Pois eu digo a vocês que não comerei dela novamente até que se cumpra no reino de Deus.

17 Recebendo um cálice, ele deu graças e disse: ― Peguem o cálice e o partilhem uns com os outros.

18 Pois eu lhes digo que não beberei outra vez do fruto da videira até que venha o reino de Deus.

19 Pegando ele o pão, deu graças, partiu‑o e o deu aos discípulos, dizendo: ― Isto é o meu corpo, dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim.

20 Da mesma forma, depois de ter comido o pão, ele pegou o cálice e disse: ― Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado em favor de vocês.

21 Mas saibam que a mão daquele que há de me trair está comigo à mesa. 22 O Filho do homem irá, como foi determinado, mas ai daquele por quem é traído!

23 Eles começaram a perguntar uns aos outros qual deles faria aquilo.

24 Surgiu também uma discussão entre eles acerca de qual deles era considerado o maior. 25 Jesus lhes disse: ― Os reis das nações as dominam, e os que exercem autoridade sobre elas são chamados benfeitores.

26 Vocês, porém, não serão assim. Ao contrário, o maior entre vocês deverá ser como o menor, e aquele que governa, como o que serve. 27 Pois quem é maior: o que está à mesa ou o que serve? Não é o que está à mesa? Eu, porém, estou entre vocês como quem serve. 28 Vocês são os que têm permanecido ao meu lado durante as minhas provações. 29 Eu designo a vocês um reino, como o meu Pai o designou a mim, 30 para que possam comer e beber à minha mesa no meu reino e se assentar em tronos para julgar as doze tribos de Israel.

31 ― Simão, Simão, eis que Satanás pediu para peneirar vocês como se faz com o trigo. 32 Contudo, eu orei por você, para que a sua fé não desfaleça. Quando, porém, você se converter, fortaleça os seus irmãos.

33 Ele, porém, respondeu: ― Senhor, estou pronto para ir contigo tanto para a prisão como para a morte.

34 Jesus respondeu: ― Eu lhe digo, Pedro, que ainda hoje, antes que o galo cante, três vezes você negará que me conhece.

35 Então, Jesus lhes perguntou: ― Quando eu os enviei sem bolsa, sem saco de viagem e sem sandálias, faltou alguma coisa? ― Nada — responderam.

36 Ele lhes disse: ― Agora, porém, se vocês têm bolsa, levem‑na, bem como o saco de viagem; se não têm espada, vendam a sua capa e comprem uma.

37 Está escrito: “Ele foi contado entre os transgressores”; e eu digo que isso precisa cumprir‑se em mim. Sim, o que está escrito a meu respeito está para se cumprir.

38 Os discípulos disseram: ― Vê, Senhor, aqui estão duas espadas. ― É o suficiente! — ele respondeu.

Jesus ora no monte das Oliveiras

(Mt 26.36‑46; Mc 14.32‑42)

39 Como de costume, Jesus foi para o monte das Oliveiras, e os seus discípulos o seguiram. 40 Chegando ao lugar, disse‑lhes: ― Orem para que vocês não caiam em tentação.

41 Então, afastou‑se deles a uma pequena distância, ajoelhou‑se e começou a orar:

42 ― Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua.

43 Apareceu‑lhe, então, um anjo do céu, que o fortalecia. 44 Estando angustiado, ele orou ainda mais intensamente, e o seu suor era como gotas de sangue que caíam no chão.

45 Quando se levantou da oração e voltou aos seus discípulos, encontrou‑os dormindo, dominados pela tristeza.

46 ― Por que estão dormindo? — perguntou‑lhes. — Levantem‑se e orem para que vocês não caiam em tentação.

Jesus é preso

(Mt 26.47‑56; Mc 14.43‑50; Jo 18.1‑11)

47 Enquanto ele ainda falava, apareceu uma multidão conduzida por Judas, um dos Doze. Este se aproximou de Jesus para saudá‑lo com um beijo. 48 Jesus, porém, lhe perguntou: ― Judas, é com um beijo que você trai o Filho do homem?

49 Ao verem o que ia acontecer, os que estavam com Jesus lhe disseram: ― Senhor, atacaremos com espadas?

50 Então, um deles feriu o servo do sumo sacerdote, decepando‑lhe a orelha direita.

51 Jesus, porém, respondeu: ― Basta! Então, tocando na orelha do homem, ele o curou.

52 Em seguida, Jesus disse aos chefes dos sacerdotes, aos oficiais da guarda do templo e aos líderes religiosos que vieram procurá‑lo: ― Acaso estou chefiando alguma rebelião, para que venham com espadas e varas?

53 Todos os dias, estive com vocês no templo, e vocês não levantaram a mão contra mim. Contudo, esta é a hora de vocês, quando as trevas reinam.

Pedro nega Jesus

(Mt 26.69‑75; Mc 14.66‑72; Jo 18.15‑18,25‑27)

54 Então, prendendo‑o, levaram‑no para a casa do sumo sacerdote. Pedro o seguia de longe. 55 Quando, porém, acenderam uma fogueira no meio do pátio e sentaram ao redor dele, Pedro sentou‑se com eles. 56 Uma criada o viu sentado ali à luz do fogo. Ela olhou fixamente para ele e disse: ― Este homem estava com ele.

57 Contudo, ele negou: ― Mulher, não o conheço.

58 Pouco depois, um homem o viu e disse: ― Você também é um deles. ― Homem, não sou! — respondeu Pedro.

59 Cerca de uma hora depois, outro afirmou: ― Certamente este homem estava com ele, pois é galileu.

60 Pedro respondeu: ― Homem, não sei do que você está falando! Imediatamente, enquanto ele falava, o galo cantou.

61 O Senhor voltou‑se e olhou diretamente para Pedro. Então, Pedro lembrou‑se da palavra que o Senhor lhe havia dito: “Antes que o galo cante hoje, você me negará três vezes”. 62 Saindo dali, chorou amargamente.

Os soldados zombam de Jesus

63 Os homens que estavam detendo Jesus começaram a zombar dele e a bater nele. 64 Cobriam‑lhe os olhos e diziam: ― Profetize! Quem foi que bateu em você?

65 Então, dirigiam‑lhe muitas outras palavras de insulto.

Jesus diante de Pilatos e Herodes

66 Ao amanhecer, reuniu‑se o conselho dos líderes religiosos do povo, tanto os chefes dos sacerdotes quanto os mestres da lei, e Jesus foi levado diante deles.

67 ― Diga‑nos se você é o Cristo — exigiram. Jesus respondeu: ― Se eu lhes disser, não crerão em mim

68 e, se eu lhes perguntar, não me responderão. 69 Contudo, de agora em diante o Filho do homem estará assentado à direita do Poderoso Deus.

70 Perguntaram‑lhe todos: ― Então, você é o Filho de Deus? ― Vocês dizem que eu sou — respondeu.

71 Eles disseram: ― Por que precisamos de mais testemunhas? Ouvimos dos próprios lábios dele.

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