A Parábola do Semeador

(Mt 13.1‑23; Mc 4.1‑20)

1 Depois disso, Jesus ia passando pelas cidades e pelos povoados, pregando o evangelho do reino de Deus. Os Doze estavam com ele 2 e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; 3 Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres lhes serviam com os seus bens.

4 Reunindo‑se uma grande multidão e vindo a Jesus gente de várias cidades, ele contou esta parábola:

5 ― O semeador saiu a semear. Enquanto ele semeava, uma parte caiu à beira do caminho, foi pisada, e as aves do céu a comeram. 6 Outra parte caiu sobre pedras e, quando cresceu, secou porque não havia umidade. 7 Outra parte caiu entre os espinhos, que cresceram com ela e sufocaram a planta. 8 Outra, ainda, caiu em boa terra. Cresceu e deu boa colheita, de modo que produziu cem vezes mais. Tendo dito isso, exclamou: ― Aquele que tem ouvidos para ouvir ouça!

9 Os seus discípulos perguntaram‑lhe o que significava aquela parábola. 10 Ele disse: ― A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do reino de Deus, mas aos outros falo por parábolas, para que, “apesar de verem, não vejam e, apesar de ouvirem, não entendam”.

11 ― Este é o significado da parábola: A semente é a palavra de Deus. 12 As que caíram à beira do caminho são os que ouvem, mas logo vem o Diabo e lhes retira a palavra do coração, para que não creiam e não sejam salvos. 13 As que caíram sobre as pedras são os que recebem a palavra com alegria quando a ouvem, mas não têm raiz. Creem durante algum tempo, mas a abandonam na hora da provação. 14 As que caíram entre espinhos são os que ouvem, mas, ao seguir o seu caminho, são sufocados pelas preocupações, pelas riquezas e pelos prazeres desta vida, e não amadurecem. 15 Mas as que caíram em boa terra são os que, com coração bom e genuíno, ouvem a palavra e a retêm, e que produzem uma colheita com perseverança.

A candeia

(Mc 4.21‑25)

16 ― Ninguém acende uma lâmpada e a esconde em um jarro ou a coloca debaixo de uma cama. Ao contrário, coloca‑a em um lugar apropriado, para que os que entram possam ver a luz. 17 Portanto, não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz. 18 Portanto, considerem atentamente como vocês ouvem. Pois, ao que tem, mais lhe será dado; ao que não tem, até o que pensa ter lhe será tirado.

A mãe e os irmãos de Jesus

(Mt 12.46‑50; Mc 3.31‑35)

19 A mãe e os irmãos de Jesus foram vê‑lo, mas não conseguiam aproximar‑se dele, por causa da multidão. 20 Alguém lhe disse: ― A tua mãe e os teus irmãos estão lá fora e querem ver‑te.

21 Ele lhe respondeu: ― A minha mãe e os meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.

Jesus acalma a tempestade

(Mt 8.23‑27; Mc 4.35‑41)

22 Certo dia, Jesus entrou no barco com os seus discípulos e disse: ― Vamos para o outro lado do lago. Então, partiram.

23 Enquanto navegavam, ele adormeceu. Abateu‑se sobre o lago um forte vendaval, de modo que o barco estava sendo inundado, e eles corriam grande perigo. 24 Os discípulos foram acordá‑lo, clamando: ― Mestre, Mestre, vamos morrer! Ele se levantou e repreendeu o vento e a violência das águas; a tempestade cessou, e tudo ficou calmo.

25 Então, perguntou‑lhes: ― Onde está a fé de vocês? Amedrontados e admirados, perguntaram uns aos outros: ― Quem é este que até aos ventos e às águas dá ordens, e eles lhe obedecem?

A libertação de um endemoniado

(Mt 8.28‑34; Mc 5.1‑20)

26 Navegaram para a região dos gerasenos, que fica do outro lado do lago, partindo da Galileia. 27 Quando Jesus pisou em terra, foi ao encontro dele um endemoniado daquela cidade. Fazia muito tempo que aquele homem não usava roupas nem vivia em casa alguma, mas nos sepulcros. 28 Quando viu Jesus, gritou, prostrou‑se aos seus pés e disse em alta voz: ― Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Suplico‑te que não me atormentes!

29 Porque Jesus havia ordenado que o espírito imundo saísse daquele homem, pois muitas vezes tinha se apoderado dele. De fato, mesmo com os pés acorrentados e as mãos algemadas, ele quebrava as correntes e as algemas, e era levado pelo demônio a lugares solitários.

30 Então, Jesus lhe perguntou: ― Qual é o seu nome? ― Legião — respondeu, porque muitos demônios haviam entrado nele.

31 Estes imploravam a Jesus que não os mandasse para o abismo.

32 Ora, uma grande manada de porcos pastava naquela colina. Os demônios imploraram a Jesus que lhes permitisse entrar neles, e Jesus lhes deu permissão. 33 Saindo do homem, os demônios entraram nos porcos, e toda a manada atirou‑se precipício abaixo, em direção ao lago, e se afogou.

34 Vendo o que havia acontecido, os que cuidavam dos porcos fugiram e contaram esses fatos na cidade e nos campos, 35 e o povo foi ver o que havia acontecido. Quando se aproximaram de Jesus, viram o homem, de quem haviam saído os demônios, sentado aos pés de Jesus, vestido e em perfeito juízo, e ficaram com medo. 36 Os que tinham presenciado essas coisas contaram ao povo como o endemoniado havia sido liberto. 37 Então, todo o povo da região dos gerasenos suplicou a Jesus que se retirasse, porque estavam dominados pelo medo. Ele entrou no barco e regressou.

38 O homem de quem haviam saído os demônios suplicava‑lhe que o deixasse ir com ele, mas Jesus o mandou embora, dizendo:

39 ― Vá para casa e conte tudo quanto Deus fez a você. Então, o homem foi e anunciou na cidade inteira quanto Jesus tinha feito por ele.

Jesus ressuscita uma menina e cura uma mulher com hemorragia

(Mt 9.18‑26; Mc 5.21‑43)

40 Quando Jesus voltou, uma multidão o recebeu com alegria, pois todos o esperavam. 41 Então, um homem chamado Jairo, líder da sinagoga, veio, prostrou‑se aos pés de Jesus e implorou‑lhe que fosse à sua casa, 42 porque a sua única filha, com quase doze anos, estava à morte. Estando Jesus a caminho, a multidão o comprimia.

43 Havia ali uma mulher que padecia de hemorragia por doze anos, mas ninguém podia curá‑la. 44 Aconteceu que ela chegou por trás de Jesus e tocou na borda do seu manto. Imediatamente, a hemorragia cessou.

45 ― Quem tocou em mim? — perguntou Jesus. Porque todos negavam, Pedro disse: ― Mestre, a multidão se aglomera e te comprime.

46 Jesus, porém, disse: ― Alguém me tocou, pois sei que de mim saiu poder.

47 A mulher, ao ver que não conseguiria passar despercebida, veio tremendo e prostrou‑se aos seus pés. Na presença de todo o povo, contou por que tinha tocado nele e como fora instantaneamente curada. 48 Então, ele lhe disse: ― Filha, a sua fé curou você! Vá em paz.

49 Enquanto Jesus ainda falava, chegou alguém da casa de Jairo, o líder da sinagoga, e disse: ― A tua filha morreu. Não incomodes mais o Mestre.

50 Jesus, porém, ouvindo isso, disse a Jairo: ― Não tenha medo; apenas creia, e ela será curada.

51 Quando chegou à casa de Jairo, não deixou ninguém entrar com ele, exceto Pedro, João, Tiago, o pai e a mãe da criança. 52 Enquanto isso, todo o povo estava se lamentando e chorando por ela. ― Não chorem — disse Jesus. — Pois ela não está morta, mas dorme.

53 Todos começaram a rir dele, pois sabiam que ela estava morta. 54 Ele, porém, a tomou pela mão e disse: ― Menina, levante‑se!

55 O espírito dela voltou, e ela se levantou imediatamente. Então, Jesus lhes ordenou que dessem à menina alguma coisa para comer. 56 Os pais ficaram maravilhados, mas ele lhes ordenou que não contassem a ninguém o que tinha acontecido.

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