A conspiração contra Jesus

1 Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, disse aos seus discípulos:

2 ― Como vocês sabem, estamos a dois dias da Páscoa, e o Filho do homem será entregue para ser crucificado.

3 Naquela ocasião, os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos do povo se reuniram no pátio do sumo sacerdote, cujo nome era Caifás, 4 e juntos planejaram prender Jesus de maneira fraudulenta e matá‑lo. 5 Contudo, diziam: “Não durante a festa, para que não haja tumulto no meio do povo”.

Jesus é ungido em Betânia

(Mc 14.3‑9; Jo 12.1‑8)

6 Quando Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso, 7 aproximou‑se dele uma mulher com um frasco de alabastro que continha um perfume muito caro. Ela o derramou sobre a cabeça de Jesus quando ele se encontrava reclinado à mesa.

8 Ao verem isso, os discípulos se indignaram e perguntaram: ― Por que este desperdício?

9 Este perfume poderia ser vendido por alto preço, e o dinheiro ser dado aos pobres.

10 Percebendo isso, Jesus lhes disse: ― Por que vocês estão perturbando essa mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo.

11 Pois os pobres vocês sempre terão com vocês, mas a mim nem sempre terão. 12 Quando derramou este perfume sobre o meu corpo, ela o fez a fim de me preparar para o sepultamento. 13 Em verdade lhes digo que, onde quer que este evangelho for anunciado em todo o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória.

Judas concorda em trair Jesus

14 Então, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, dirigiu‑se aos chefes dos sacerdotes 15 e lhes perguntou: ― O que me dareis se eu o entregar a vós? Acordaram com ele trinta moedas de prata.

16 Desse momento em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregá‑lo.

A ceia do Senhor

(Mc 14.12‑26; Lc 22.7‑23; Jo 13.18‑30)

17 No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, os discípulos dirigiram‑se a Jesus e lhe perguntaram: ― Onde queres que preparemos a refeição da Páscoa para comeres?

18 Ele respondeu: ― Entrem na cidade, procurem certo homem e digam‑lhe: “O Mestre diz: ‘O meu tempo está próximo. Vou celebrar a Páscoa com os meus discípulos na sua casa’ ”.

19 Os discípulos fizeram como Jesus os havia instruído e prepararam a Páscoa.

20 Ao anoitecer, Jesus estava reclinado à mesa com os Doze. 21 Enquanto comiam, ele disse: ― Em verdade lhes digo que um de vocês me trairá.

22 Eles ficaram muito tristes e começaram a dizer‑lhe, um após outro: ― Com certeza, não sou eu, Senhor!

23 Jesus afirmou: ― Aquele que comeu comigo do mesmo prato há de me trair.

24 O Filho do homem irá, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! Melhor seria que não houvesse nascido.

25 Então, Judas, que o trairia, disse: ― Com certeza, não sou eu, Rabi! Jesus afirmou: ― Foi você quem disse isso.

26 Enquanto comiam, Jesus pegou o pão, deu graças, partiu‑o e o deu aos discípulos, dizendo: ― Peguem e comam; isto é o meu corpo.

27 Em seguida, pegou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: ― Bebam dele todos vocês.

28 Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos para perdão de pecados. 29 Eu lhes digo que, de agora em diante, não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo com vocês no reino do meu Pai.

30 Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.

Jesus prediz que Pedro o negará

(Mc 14.27‑31; Lc 22.31‑34; Jo 13.36‑38)

31 Então, Jesus lhes disse: ― Ainda esta noite, todos vocês me abandonarão, pois está escrito: “Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersas”.

32 ― Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galileia.

33 Pedro respondeu: ― Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!

34 Jesus respondeu: ― Em verdade lhe digo que ainda esta noite, antes que o galo cante, três vezes você me negará.

35 Pedro, porém, declarou: ― Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei. E todos os outros discípulos disseram o mesmo.

Jesus no Getsêmani

(Mc 14.32‑42; Lc 22.39‑46)

36 Então, Jesus foi com os seus discípulos para um lugar chamado Getsêmani e lhes disse: ― Sentem‑se aqui enquanto vou ali orar.

37 Levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a ficar triste e angustiado. 38 Então, lhes disse: ― A minha alma está profundamente triste, em uma tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo.

39 Indo um pouco mais adiante, prostrou‑se com o rosto em terra e orou: ― Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres.

40 Depois, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. ― Vocês não puderam vigiar comigo nem por uma hora? — perguntou a Pedro.

41 — Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.

42 Ele se retirou, pela segunda vez, e orou: ― Meu Pai, se não for possível afastar de mim este cálice sem que eu o beba, faça‑se a tua vontade.

43 Quando voltou, de novo os encontrou dormindo, porque os olhos deles estavam pesados. 44 Então, deixou‑os novamente e orou pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras.

45 Depois, voltou aos discípulos e lhes disse: ― Vocês ainda dormem e descansam? Chegou a hora! O Filho do homem será entregue nas mãos de pecadores.

46 Levantem‑se e vamos! Aí vem o meu traidor!

Jesus é preso

(Mc 14.43‑50; Lc 22.47‑53; Jo 18.1‑11)

47 Enquanto ele ainda falava, Judas, um dos Doze, chegou. Com ele estava uma grande multidão armada de espadas e varas, enviada pelos chefes dos sacerdotes e líderes religiosos do povo. 48 O traidor havia combinado um sinal com eles: “Ele é aquele a quem eu saudar com um beijo; prendam‑no”. 49 Dirigindo‑se imediatamente a Jesus, Judas disse: ― Saudações, Rabi! E o beijou.

50 Jesus, porém, lhe perguntou: ― Amigo, o que o traz aqui? Então, os homens se aproximaram, agarraram Jesus e o prenderam.

51 Um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, sacou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando‑lhe a orelha.

52 Jesus lhe disse: ― Guarde a espada! Pois todos os que empunham a espada morrerão pela espada.

53 Você acha que eu não posso pedir ao meu Pai, e ele não poria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos? 54 Como, então, se cumpririam as Escrituras que dizem que as coisas deveriam acontecer desta forma?

55 Naquela hora, Jesus disse à multidão: ― Acaso estou chefiando alguma rebelião, para que venham me prender com espadas e varas? Todos os dias, estive com vocês, ensinando no templo, e vocês não me prenderam.

56 Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos o abandonaram e fugiram.

Jesus diante do Sinédrio

57 Os que prenderam Jesus levaram‑no para Caifás, o sumo sacerdote, em cuja casa se haviam reunido os mestres da lei e os líderes religiosos. 58 Pedro o seguiu de longe até o pátio do sumo sacerdote. Ele entrou e sentou‑se com os guardas para ver o que aconteceria.

59 Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um depoimento falso contra Jesus, para que pudessem condená‑lo à morte. 60 No entanto, não encontraram nenhum, embora tenham se apresentado muitas falsas testemunhas. Finalmente, apresentaram‑se duas,

61 que declararam: ― Este homem disse: “Sou capaz de destruir o templo de Deus e reconstruí‑lo em três dias”.

62 Então, o sumo sacerdote levantou‑se e perguntou a Jesus: ― Você não vai responder à acusação que estes fazem contra você?

63 Jesus, porém, permaneceu em silêncio. O sumo sacerdote lhe disse: ― Exijo que jure pelo Deus vivo: diga‑nos se você é o Cristo, o Filho de Deus.

64 ― Tu mesmo o disseste — respondeu Jesus. — Mas eu digo a todos vocês: chegará o dia em que verão o Filho do homem assentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.

65 Então, o sumo sacerdote rasgou as próprias vestes e disse: ― Blasfemou! Por que precisamos de mais testemunhas? Vocês ouviram a blasfêmia agora.

66 O que lhes parece? ― É digno de morte! — responderam.

67 Então, alguns lhe cuspiram no rosto e lhe deram murros. Outros lhe davam tapas 68 e diziam: ― Profetize para nós, Cristo. Quem foi que bateu em você?

Pedro nega Jesus

(Mc 14.66‑72; Lc 22.54‑62; Jo 18.15‑18,25‑27)

69 Pedro estava sentado no pátio, e uma criada, aproximando‑se dele, disse: ― Você também estava com Jesus, o galileu.

70 Contudo, ele negou diante de todos, dizendo: ― Não sei do que você está falando.

71 Depois, saiu em direção à porta, onde outra criada o viu e disse aos que estavam ali: ― Este homem estava com Jesus, o Nazareno.

72 E ele, jurando, negou outra vez: ― Não conheço esse homem!

73 Pouco tempo depois, os que estavam por ali chegaram a Pedro e disseram: ― Certamente você é um deles. O seu modo de falar o denuncia.

74 Aí ele começou a amaldiçoar e a jurar: ― Não conheço esse homem! Imediatamente, o galo cantou.

75 Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe havia dito: “Antes que o galo cante, você me negará três vezes”. Saindo dali, chorou amargamente.

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